domingo, 23 de setembro de 2007

The road not taken














Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I -
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.

(Roberto Frost)

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Habita



Habita-me! Preencha-me! Venha somar-me. Encher-me. Preencher-me. Sinto-me vazia. Transparente. Inodora. Insípida. Mas como? Eram tantos os caminhos. Onde foram parar? Na verdade eles nunca saíram do lugar. Continuam ali, aqui e acolá. O que acontece é que eu não andei. Não ando mais. Nem um passo. Alguns movimentos cambaleantes. Mas o eixo continua o mesmo. Estático. Como as folhas das árvores que se movimentam presas aos galhos e ao tronco. Elas farfalham, dançam suavemente. Já a minha dança já não tem tanta leveza assim. Nem música. Agora tudo é silêncio. Nem bossa, nem rock. Nem 8, nem 80. É zero. A neutralidade. Serei eu vomitada? Sinto-me mais engolida. Deglutida por sentimentos, sensações, dúvidas e anseios. Mas não tenho mais vontade de lutar. Desisti. Entreguei as armas. Lavei as mãos. O que quero? Não sei. Só sei que não quero mais reagir. Não tenho forças. Nem vontades. Alguém que o faça por mim! Eu não posso mais. Quem quiser que me pegue e leve. Escolha meu destino. Minha vida. Decida minhas alegrias e tristezas. Eleja minhas vestes. Selecione meus filmes. Delibere incondicionalmente por mim. Entrego os pontos como a noiva joga o buquê: para o alto e de costas. A diferença é a intensidade.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O acordar

A luz chama à vida. À realidade.
Momento mais difícil.
As manhãs são assim.
O despertar sozinho. Na cama pequena.
O calor do corpo deixado sob o lençol é solitário. Por isso esfria rápido.
Daí, a vontade de logo levantar.
Nem mesmo escovar os dentes tem graça.
Agora só existe uma escova.
E a água que lava o rosto, congela a expressão, numa atitude de consentimento.
A toalha já não seca. Esfola.
A boca esboça inutilmente um sorriso para o espelho.
Este, por sua vez, nem responde. Não reconhece. Fecha a cara e vira as costas.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

A Pedra

Foi a minha psicóloga quem me deu. Psicóloga que resolvi procurar depois que a ficha caiu. Depois que perdi você. (...)
Era uma pedra bonita, roxa. “A pedra do luto”. Foi assim que ela falou quando me entregou. E a pedra do luto se tornou a minha melhor amiga. Minha companheira. Para onde ia, ela ia comigo. Acampar, trabalhar... não saía da bolsa. E quando estava em casa, dormindo, ficava embaixo do travesseiro. Se acordasse no meio da noite, os dedos procuravam-na freneticamente. E quando a encontravam, enfim, relaxavam. Só assim, em meio aquela escuridão, eu me sentia segura, tranqüila. Afinal, a pedra estava lá.
Um talismã? Um amuleto? Na verdade só um motivo para lembrar que eu podia ficar triste. Que havia permissão. Afinal terminar um relacionamento tão longo e enraizado não é tão fácil assim. Não se esquece ninguém do dia para noite. Nem substituindo. Nem tentando substituir. Substituição, só no esporte! E olha lá.
E assim, fui criando um relacionamento, uma intimidade com a tal pedra.
Nossos laços foram crescendo, se ampliando tanto, que comecei a sentir ciúmes dela.
As pessoas me perguntavam o que era aquilo que sempre segurava, que não saía da minha mão. E eu, de boca cheia, (pois sentia muito orgulho dela) falava: é a minha pedra do luto! E contava toda a história. Perdi a conta quantas vezes tive que narrar o porquê da pedra. O curioso, é que, a maioria das pessoas, queria segurar a minha pedra. Queria tê-la um pouco. Queria a tal permissão para suas tristezas, melancolias, perdas! Perdas das mais variadas. Perda física, emocional... Então, passei a dividi-la. Dividir a pedra com os mais diversos lutos.
No começo até gostava, afinal eu também estava colaborando. Ajudando. Emprestando meu apoio. Mas depois, comecei a deixá-la mais escondida. Só a pegava quando estávamos sozinhas. Eu e ela. E, de certa forma, você.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Acostumbrada

Tú me acostumbraste
a todas esas cosas,
y tú me enseñaste
que son maravillosas.

Sutil llegaste a mí,
como una tentación,
llenando de inquietud
mi corazón.

Yo no concebía
cómo se quería
en tu mundo raro
y por ti aprendí.

Por eso me pregunto
al ver que me olvidaste,
¿por qué no me enseñaste
cómo se vive sin ti?

(Frank Dominguez)