segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Lembrança

Ela chegou sem pedir licença. Reapareceu do nada, nem sequer foi convidada. Nem bateu na porta. Foi entrando assim, sem mais nem menos. E tão de mansinho, que até deixei ela ficar. Parecia tão inofensiva. Mas, como quem não quer nada, ela se alojou. Tomou conta. Posse. E aos poucos, sem escolha, me entreguei novamente. Esperta! Seus passos foram premeditados. Ela é fria. Calculista. Executou seu plano de maneira minuciosa. Agora, quem olha de fora, nos vê, de braços entrelaçados. Às vezes umas cotoveladas contundentes, mas não há nada, nada nesse mundo que nos faça separar. Ela é minha e sou dela. Ela me persegue. E eu a encalço. A amo e a odeio. Sou sua escrava, serva. Ela é minha deusa. Minha vida. Tudo o que tenho. E o que me resta.

“Me vejo a teu lado
Te amo?
Não lembro
Parece dezembro
De um ano dourado
(...)
Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
(...)
Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais...”

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

A Luz

Enfim, a luz. E uma não. Duas. DUAS luzes. De uma só vez. Antes não era nada. Era o vazio. A escuridão. Então, Deus fez a luz e viu que isso era bom.
Agora, duas... no fim do túnel. Justamente quando não havia mais esperança. Já havia me entregue. Conformado. E, o que deveria ser uma saída, a salvação para alma perdida, tornou-se mais uma terrível dúvida. Mais um problema. Então, Deus fez duas luzes e viu que isso não era nada bom.

“E quando a sombra
se debilita e desaparece,
a luz que demora,
torna-se sombra duma outra luz...”
(Khalil Gibran)